Presidente russo disse que sem acordo com a Ucrânia, a guerra vai continuar, já que a invasão tem "objetivos nobres"
Putin afirmou ainda que a invasão tem "objetivos nobres" de proteger as regiões separatistas do Leste da Ucrânia e que a Rússia “não tinha escolha”. Ele fez as declarações ao lado do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, durante uma visita ao cosmódromo de Vostochni, perto da fronteira chinesa.
O presidente russo enfatizou especificamente o objetivo de controlar a região Donbass, no Leste ucraniano, que inclui parte das províncias Donetsk e Luhansk, onde os separatistas pró-Moscou declararam independência , reconhecida pelo Kremlin um dia antes da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
"O que estamos fazendo é para ajudar as pessoas, salvar pessoas de um lado, e do outro estamos trabalhando para garantir a segurança da Rússia. Obviamente, não tínhamos escolha e essa é a decisão certa", disse.
Ele afirmou ainda que a ofensiva prosseguirá com "calma", para minimizar baixas.
"A nossa missão é cumprir os objetivos traçados minimizando as perdas, vamos atuar de forma harmoniosa, tranquila, de acordo com o plano proposto desde o início pelo Estado-Maior."
A guerra — que Putin chama de “operação militar especial” — já obrigou mais de 4,4 milhões de ucranianos a fugirem do país , deslocou internamente outros 6,5 milhões, além de causar milhares de mortes de civis e soldados dos dois países.
"Temos objetivos nobres. Isso é o que acontecerá: protegeremos o Donbass. Isso é o que vai acontecer, não há dúvidas", afirmou. "O principal objetivo é ajudar as pessoas do Donbass, que nós reconhecemos [como repúblicas independentes], e devemos fazer porque as autoridades de Kiev, encorajadas pelo Ocidente, se negavam a implementar os Acordos de Minsk para uma resolução pacífica dos problemas na região."
Ao se referir ao estancamento das negociações, Putin retoma o que disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, em 7 de abril. Na ocasião, Lavrov afirmou que Kiev havia apresentado um novo esboço de tratado de paz no qual cláusulas já acordadas no encontro de Istambul sofreram alterações.
Segundo Lavrov, no final de março Kiev concordara inicialmente que as garantias de segurança que seriam dadas à Ucrânia por um grupo de países não se aplicariam à Península da Crimeia, anexada militarmente pela Rússia em 2014. Disse, também, que qualquer exercício militar poderia ser realizado pela Ucrânia apenas com o consentimento de todos os países garantidores, incluindo a Rússia . Segundo o chanceler russo, no entanto, no novo projeto de documento este parágrafo é substituído pela necessidade de obter o consentimento da maioria dos países garantidores.
Na ocasião, o negociador-chefe de Kiev, Mikhail Podolyak, afirmou que Lavrov não estava diretamente envolvido nas negociações e suas declarações eram "de significado puramente propagandístico".
Hoje, o presidente russo acrescentou ter sido informado que o lado ucraniano voltou a mudar suas propostas para um acordo na noite de segunda-feira.
"Tal falta de coerência em pontos fundamentais cria dificuldades", disse.
Já a proteção da região de Donbass foi a alegação inicial para a invasão da Ucrânia, mas inicialmente se viu que as ações russas tinham objetivos maiores, com tentativas de conquistar as grandes cidades do país, como Kiev e Kharkiv. No entanto, a resistência inesperada das forças da Ucrânia fez a Rússia anunciar no final de março uma nova estratégia. Há duas semanas, o Kremlin disse que voltou ao plano de “liberar” as regiões separatistas e anunciou a retirada das tropas da região de Kiev, no Norte da Ucrânia.
Para os russos, as forças militares ucranianas causaram “um genocídio” no Donbass entre 2014 e 2022, quando, após a anexação unilateral da Crimeia por Moscou, grupos separatistas pró-Rússia começaram a combater o Exército ucraniano na região.
"Nossos soldados participam de uma operação militar especial em Donbass, na Ucrânia, onde oferecem sua ajuda às Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk. Eles agem com bravura, competência e efetivamente usam as armas mais modernas", acrescentou Putin.
Os Acordos de Minsk I e II, citados por Putin, foram firmados em 2015 por Moscou e Kiev, com mediação de França e Alemanha, e nenhum dos lados cumpriu seus artigos que serviu, basicamente, para um cessar-fogo apenas temporário em Donbass. Entre os principais pontos dos acordos, estava que a Ucrânia deveria dar o status de "regiões autônomas" a Donetsk e Luhansk. Já os russos deveriam parar de fornecer armas e equipamentos militares, além de treinamento, para as milícias separatistas.
Fonte:IG último segundo